RICHARD CAMARGO






Desabafo
  
Oh mundo imundo,
Tomado pela tristeza e pelo ódio,
Agora chega,
Chega de sofrer!
Quero recriar a realidade,
Brindar a vida, com uma taça de amizade.

Chega de mentiras!
Minha alma clama por liberdade,
E idealiza um caráter,
Um ser de integridade.

Chega de violência!
Meu coração chora de carência,
Por alguém que morreu,
Morreu de inocência.

Chega de guerras!
Exclamo em grito de silêncio,
Que suplica por atenção,
E não pede muito,
Pedi só mais compaixão.


Chega de destruição!
Lavo minhas mãos com o sangue dos guerreiros,
Que brindaram a vida,
Com um copo de veneno.

Chega de egoísmo!
Vamos de mãos dadas para a imensidão,
Vem comigo,
Vem viver essa ilusão.

Chega de tanto HORROR!
De- me um tiro,
Mas um tiro de amor.
RICHARD CAMARGO




 O império.

A monotonia da escravidão,
De um vulgo capacho da solidão,
Preso a uma corrente de tortura,
Uma pirâmide sem estrutura.

Deita-se confortavelmente,
Sobre uma cama de espadas,
Sente a anomalia,
Quando comparado a maioria,
Que ironia, logo ele,
Que ostenta a soberania.

Com toda sua majestade,
Ainda idealiza um sonho de felicidade,
Pois o mesmo o poder que te exalta,
Torna sua vida genérica,
Viva a América!

Englobado na sujeira,
Suas lágrimas, são sangue,
De alguém que não entende a religião,
Não entende porque Deus,
Não o presenteou com compaixão.

Nem mesmo o clero,
Que reza com esmero,
Agradecendo o pouco que tem,
Compreende um demente,
Um rei remetente.

O escravo e o rei.
A vingança e a lei.
A suplica pelo que errei.
“Ou te mato, ou morrerei!”

RICHARD CAMARGO 






O enigma do talvez.

Em plenitude e abundância de conhecimento,
São incapazes de explicarem a si próprios.
Para aquele que não usar o talvez como paradoxo,
Uma salva de palmas.

Vamos, aplausos e mais aplausos,
Para os homens de verdade, que não choram,
Para os homens que não dizem “eu te amo”,
Para os homens que precisam de auto-afirmação sexual,
Um singelo, descansem em paz.

Para os devotos de um pedófilo,
Que essas palavras sejam crucificadas,
Assim como suas pobres mentes,
Escravas de mentiras sagradas.

Continuem, agora aplaudam em pé,
Ao cinismo com que te enganam,
E a dó com que te querem,
Aplausos...
Por favor, coloquem a tal dó em um orifício apertado,
Depois de feito, passe o dedo no mesmo local...
Mande a dó para o fundo, ninguém quer vê-la.

Não descansem capachos, aplaudam, vocês ganham para tal,
Um brinque, em nome de quem não tem o que beber,
Um abraço, para quem perdeu a família por sua culpa,
Um carinho, uma cesta básica para alimentar seus 10 filhos.
Talvez, seja bondade.

Um beijo, na boca de quem não tem dente,
Um abraço na lembrança, pois o corpo perdeu-se na realidade,
Em nome do pai, que perdeu o filho vitima de vingança,
Amem.

Parem de aplaudir!
Vamos cantar em coral, em pró da cultura,
Estranho, ninguém sabe o que é música,
Parem, sem yeah yeah, isso fere o ego.
Não, sem apelação,
É, talvez esteja pedindo demais.

Mas não se desespere, existem as promessas!!!
Um poço de falácias, de mascaras que ninguém conhece,
Perdido no deserto e na podridão de sua consciência.
O ser enfim chega à falência,
Não existem valores morais, perdeu-se tudo,
Restou, talvez, nada.

RICHARD CAMARGO