Vou sem pedir desculpas, vou sem fazer alarde,
Vou fingir felicidade e desmontar o guarda – roupa.
Vou longe na manhã sem brilho
Esquecer para trás as lembranças,
Vou negar o dia, esquecer a poesia
Distribuir tapas e comprar esparadrapos,
Vou rasgar os trapos da existência,
Buscar inocência, ser o pior dos melhores,
Vou dizer adeus na chegada
E reverenciar a partida dos amores,
Vou brigar com os jardins, arrancar as flores
Tomar remédio para enganar as dores,
Vou arrancar a roupa no portão,
Expor o sexo e estancar o coração
Provocar taquicardia nas velhas rezadeiras
E espalhar santinhos nos cultos de satã,
Vou dizer que não sou mais seu
Que esqueci a fala e vendi seu corpo,
Vou pôr entre carros e talas
Sorrir minhas tristezas e mostrar meu ego,
Vou correr sem sapatos sobre os cacos da incerteza,
Chorar um riso amarelo e sorrir um choro colorido,
Vou pela incoerência das distancias
Telefonar para o seu vazio e escutar o nada que você me diz
Vou brincar de ciranda e ser menino
Sem destino ou compromisso, correr campinas
Pulando os muros das despedidas e dores de amor,
Até cansar dos desvairios do meu próprio eu,
Buscar sua cabeça enfiada nos pés
Até poder negociar com seu púbis
E mergulhar no seu eu.
SÉRGIO SOUZA
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