quinta-feira, 6 de novembro de 2008

MENINOS E MOLEQUES!




Sou um menino que não aprendeu a amar,
Por isso, vaga como zumbi dos sentimentos,
Sou um menino que não viveu
Passou e a vida não viu,
Esperança de óculos,
Lembrança muda sem nascer no coração,
Poeta sem destino, perigoso artífice do nada
Senhor necessário das solidões.

"Senhor eu não sei rezar!"

Nem por mim, nem pelos outros,
Choro uma lágrima fria, desesperançada
Comprida..., cumprida a sós como as pedras
Que rolam sós pelos caminhos , perdidos...
Nas romarias das latas cegas nas cabeças
Das Marias Madalenas nas fontes dos desejos
Ensejos de rimas e versos sem destinos-desatinos.

"Senhor eu não sei rezar!"

As aparências enganam, nas aparências
As poeiras nem sempre são desérticas,
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira,
Na neve das entranhas, estranhas formas do nada
Nunca percebi o fogo do outono brilhar no verão da primavera.
Mesmo tendo carregado todo o mel do meu corpo,
Mesmo tendo perdido meu tempo com você, solidão
Mesmo tendo, um dia, lavado o chão com lágrimas,
Não tenho olhos para te ver, amiga distância
Não consigo te abraçar, amigo afastamento
Sou o longe do corpo, do meu sonho, da fascinação.

"Senhor eu não sei rezar!"

Não sei ser poeta, poesia.
Não sei ser menino do amor,
Não lavei o travesseiro para não perder teu cheiro perdigueiro
No mar não sei nadar, mas estou sem companhia.
Não tenho a vida completa
Não sou Cecília, não sei ser poeta
Não soube fingir, nem sentir as dores das pessoas

Não soube fazer da vida um encontro
Não conheço o desencontro, portanto, da vida.
Não conheço a cor da saudade
Porque na verdade nunca tive a certeza do céu azul e a folha verde.
Sou a poeira das estradas das cidadezinhas quaisquer
Como Drummond, bebo Vinícius, fumo Bandeira e cheiro Chico.


®Sérgio Souza

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