quarta-feira, 22 de junho de 2011

CARTA AO OUTRO




Se a tragédia de Apolo e Jacinto não apaga o ímpeto de viver, não destrói o sentido do amor, seja qual for a forma de conjugação do verbo, se a necessidade de estar não se dilui diante do nefasto de Narciso, é porque a vida tem sentido, seja no sentido dito regra normal, seja no sentido da contramão, já que o importante é sentir, e que se faça dele, o sentir, a plenitude da regra da boa coexistência, sem que haja a normalidade para com a lei e nem que esta seja a norma que suplante o bom senso e o bom gosto, pois o que um sente como angelical expressão de seu eu, outro pode não assim vivenciar, mas a verdade, é que tudo tende á estabilidade dentro do ser bem antes do eclipse do conservadorismo ou do apocalipse dos pessimistas.
Se tudo que confere em mim e você, talvez seja o que fere os que ainda não sentem o que sentimos.
E o que sentimos? Uma dor pelo planeta? Uma vontade de engolir a fome? Um desejo de cama e caneta? Um papel para gritar seu nome? Uma poesia para subverter a prosa?
Se nada disso sentimos com certeza, confere á beleza um estender de olhares para olhares, um ver de mãos e lábios em conjunção, se ainda nada disso ainda grita é porque o fim está longe, se nada disso ocorre é por estarmos longe um do outro se você está longe de mim, e se a realidade um desses instantes contraria, a saudade e a lembrança repavimenta a união.

SÉRGIO SOUZA

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