terça-feira, 19 de outubro de 2010

A CARTA

 
Foi no meio da poeira do tempo
Que estava a carta, calada, colada, selada
Lá estava uma verdade adormicida
Com jeito de confissão, com ar de intimidade
Mais um verso sem rima que a vida legou
Mais uma poesia na aurora das tardes frias
Nas manhãs de todos os dias.

Espelho coragem dos lagos de águas claras
Conselho sem medo, notícia sem manchete
Você é o instante que a ilusão não viveu
Amizade sufocante que embala momentos
Provoca tormentos, inquietude
Novidade, juventude; instante, situação.

A carta, folha em branco que não se escreveu,
Mensagem que não se mandou
Vontade acabada no leito arrumado
Pensamento não pensado.
A carta é como o vento que não ventou
Mas é o vulcão que se encandeceu
Lançando lavas por toda a encosta.

A carta é medo corajoso de nós dois, de nós todos
O sangue que ferve nas veias, suor que escorre dos poros
Os lábios que falam e beijam,
Uma falta de fôlegos que embaça os vidros.

SÉRGIO SOUZA

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