Caracterizavam o doce cinismo com que me olhava,
De tal modo, que me faziam acreditar em minhas próprias mentiras,
Figurando assim, madeixas esdruxulamente perfeitas.
Maldita seja ela, a expressão verdadeira de uma falácia convincente,
Diante aos olhos de quem se nega a enxergar,
Mas aquela face, esculpida em quilates de formosura,
Era a réplica perfeita, capaz de tirar-me a compostura.
Aquela voz atordoante, que possuía certos pormenores,
Atormentava-me a partir do momento em que se calava,
Deixando-me assim, a mercê de qualquer especulação,
Mas aquele sorriso inquieto, tão belo quanto incerto,
Atestava a curiosidade alheia, frente à sua complexidade.
Caminhava de tal modo, que aprisionava mais do que o meu olhar,
Capturava também, a atenção de membros coadjuvantes do elenco,
Não era capaz de comportar-me perante a essa situação,
Só restava então, aguardar por uma pílula de tempo.
Maldita seja ela, perdida nas lembranças que me recuso a esquecer,
Sempre vagando elegantemente, distribuindo diversas sensações,
Das quais me isolo,
Na inútil tentativa de privar-me de seu cinismo.
Richard Camargo
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