terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

MARGEM DIREITA



Quando os olhares se encontram, numa faísca de instante, 
Rompe a manhã à madrugada sonolenta e instigante 
Assim como corre o céu o astro luz, que incendeia a candeia do encontro, 
Como nasce nas cabeceiras os rios de águas frias, puras em busca de outro, 
Renasce da madrugada poética uma manhã da natureza, com aval da beleza, 
Agita o oceano de azul claro de braços fortes e aberto na espera do abraço 
Que em cada passo é um compasso batido no coração da terra imperiosa, 
Conscienciosa, única e verdadeira como pedra rolada no mesmo lugar, 
Amarela como a luz da fertilidade, azul como água cristalizada 
São corredeiras de avenidas, diques de bares, sonhos reais, realidade sonhada, 
São continentes que se unem, são iguais que se diferenciam, é Narciso numa só miragem 
É camaradagem de si mesmo, como sol e lua, como rio e mar, 
É o mar, ah mar, é ser água que banha risos e olhares e dizeres, 
Afazeres do nada, perambulando na manhã raiada dos olhares, ensejo; 
Desejo surdo de união de mãos como selo de permanência, consciência. 
Poesia única que corre para o rio-mar, imenso como o sentimento calado, 
Circundando pedras de Américas e Áfricas numa feira de verdes arbustos 
Cinamomos caídos, folhas ao vento que se eternizam numa tela 
Como vontades e odores secretos que se confessam em surros de águas que correm 
Até se encontrarem num fim ou meio de tarde quando se apagam os olhares faiscados 
Ofuscados pela escuridão da noite-madrugada e tudo virar palavra 
Na lavra de um poeta passante, que imagina o abraço-pororoca do rio no mar 
E sonhando no enlevo do inaudível, em êxtase do desengano 
Idealiza no som do encontro estrondoso – TE AMO!


SÉRGIO SOUZA

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