segunda-feira, 15 de setembro de 2014

MAIS UMA DOSE




Hoje quis visitar Quintana
Talvez por que inicie a semana
Abrir o fecho éclair da alma e deixar fluir
O Leminsk que nunca deixei sair.
Fazer um poema desbragado, sem rumo,
Sem vinho perder o prumo, desnortear para gritar
Aos sete ventos o que vem de dentro como um vomitar de bêbedo
Sem vergonha social, desnudar-me, sem medo.
Chorar-te as dores que sempre engoli, reprimi
Dentro do fecho éclair onde deixei este meu eu, fantasma de mim mesmo,
Olhar tua íris, onde desponta esta lua cor de mel e sentir-me espelhado,
Chorar o meu choro no teu ombro de rochedo marítimo, o teu choro;
O meu choro que é chuva na manhã azulada dos sois de canto de Acauã.
Desvendar o fecho éclair lentamente como o dia desvirgina a noite
E deixar saltar este odor que inebria e embebeda os boêmios,
E embala os mendigos da madrugada e evanesce nos cigarros das prostitutas.
Quero escrever este poema marginal sem regras, sem reclamações ou luta,
Poema só, só em busca do resgate do que nunca se perdeu, busca do ar dos céus
Das águas do mar, sem maldade, sem saudade, de amor torto, desregrado,
Confinado por trás do fecho éclair.
Hoje eu quis falar para as Bruxas de Blair.
Garçom, mais uma dose!                                                                                                                            




SÉRGIO SOUZA

Nenhum comentário:

Postar um comentário

fale o que pensa, mas pense antes de falar!