domingo, 12 de dezembro de 2010

RENÚNCIA INDIGESTA!




Chega, hoje estou renunciando a tudo que um dia acreditei, chega! Fim á hipocrisia dos poderosos, fim ao deleite da clerezia, basta aos desmandos da burguesia, estou farto do lirismo namorador dos gabinetes do planalto e do negro da Casa Branca, não vou mais compactuar com os senhores donos das verdades da fé, nem darei fé as justas injustiças dos justos, não vou reconhecer o céus nem darei louas aos infernos, nem o céu nem ao mar, muito embora queira me cobrir com teu manto mais azul e me embalar no verde azulado das águas dos oceanos que afogaram minhas esperanças perdidas no infinito firmamento das minhas credulidades.
Basta para a poesia falsa que me namorou, deitou comigo e não me satisfez, basta para você paixão nova, embora seja vontade do inédito, porque nasceu comprometida com as falácias das sociedade, basta para você paixão velha, eternizada nas letras das canções não entoadas nas madrugadas frias e desprezada nas noites de verão, não verão mais minhas lágrimas por vocês, pois hoje estou renunciando a tudo e a todos que um dia me aplaudiram nos discursos das consciências, adeus ciência que um dia me disse homem, mas homens não se forjam em tubos de ensaio, não se inseminam as pessoas longe da ideologia, a qual me cortejou, porém feito mulher de esquina me abandonou pela propina mas gorda, parei com o coração que entreguei á prosa do dia a dia, enfartado que está das indiosicrasias que a humanidade criou, enfartado que está do amor verdadeiro que entreguei e não recebi, de você que me fez ambíguo diante das regras sociais, e hoje nem sei da minha carteira de motorista, não quero perguntas e abomino as respostas forjadas e iguais dos balcões de anúncios dos jornais ou telas de televisão, cansei de ver o mundo pela fresta de janela que me permitiram, cansei de apanhar na avenida Paulista ou de ser chacota nos bistrôs de Paris, a vontade é de explodir torres, as torres da minhas verdades inócuas, que tentei te explicar, mas você esteve preocupados com os corredores dos shopping´s.
Hoje renuncio ao puro sentimento que Bandeira cantou e roubo sua passagem para Pasárgada, porque lá nem passarei perto rei, nem quero ninguém na cama que escolherei, não passarei a vida a limpo, Drummond, porque nada tenho, a mais, para dizer, não escolherei heróis porque já não me pareço com os nossos pais, cansei!
Renuncio a você, meu amor, porque será difícil viver na certeza da perda, amo, mas nego; renuncio a você, ódio diário, porque perdi as forças para lutar, chega! Não lançarei impropérios, como tantos, porque não s quero ver mais, renuncio com clareza de ideias e falência de ideais, não quero mais compactuar com as mortes de África, nem com os terremotos do Haiti, não serei avalista dos descalabros de Alá, nem recolherei o sangue na Cruz, nem entoarei mantras a Buda ou Krishina, só sei, que o quê sei, é que vou partir sem deixar lembranças, não quero levá-las também junto á poeira de meus sapatos, pois tudo fiz para amar, e você resistiu, tudo fiz para mudar, e você resistiu, tudo fiz para esclarecer, e você resistiu, cansei! Hoje vou pela porta dos fundos da eternidade, pois tenho vergonha de sair pela porta pela qual cheguei, porque não me disseram nada, me negaram tudo, e passei meu tempo longe dos banquete dos poderosos, pois que morram da diarreia do que os empanturrou sempre, o poder e o dinheiro.
Adeus último para você, antes que me desvaneça na fumaça do último cigarro, levando as tripas do último rei amarradas á corda que enforcou o último representante dos céus.
P.S.: Não deixo testamento, só vazio para você guardar o meu esquecimento, também parto nu, conforme cheguei, pois as roupas só me serviram para me esconder de mim mesmo!

SÉRGIO SOUZA

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