Não vim, nem vou ao Catumbi
Jamais montei cavalo,
A não ser dos versos que falo
Nem quis, em tempo algum, a tísica frenética
Que consome a lira da velha poética.
Não levo flores a namorados de jardim
Nem flores de rapazes em cantos de jasmim
Perco-me em cachoeiras de metáforas
Entrego-me a sonhos perdidos de anáforas.
Se um dia girou o "qalb", não foi com sentido
Esteve perdido na realidade de virgens,
Em esquinas de atores vãos e ruas de meretrizes.
Se as lonjuras são minhas conjecturas
As regras me são ataduras.
Se o poema é regra, sou marginal
Nunca fiz o que quis, nem quis o que sempre fiz.
Estive a meio caminho da glória
Com um pé sempre calcado no fracasso
A cabeça lúcida da dúvida.
Quis a poética-estética de Itabira
Tropecei em cabaceiras e terminei em Irajá.
Nem sei se versar ainda te atrai,
Se meu verso trai a mim ou a você
Ou se engana você e trai a minha vontade.
Só sei que gira o pensamento e o coração
Este no peito aquele no cerebral
Num verso poeticamente marginal,
No desvio como sempre vivi.
Na encosta, na sombra negra em que condenado.
Então toma-me a boca-poesia
Neste desalinho sem fim
Com a vontade do riso e a necessidade do choro.
De entrega e fuga, de encontro e medo
Deságua afinal na baia a gota final
Deste peito e deste poema marginal.
SÉRGIO SOUZA
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